domingo, 30 de janeiro de 2011

Agulha no Palheiro - O prazer de ser único

E aí pessoal? Tudo afinado? Bom, vou ser bem sincero com vocês. Eu tinha outro post programado para hoje, já tá pronto, e eu acho que ficou bem legal. Mas o final de semana trouxe muitas coisas que eu acho que valem ser contadas enquanto estão recentes. Minha visão de mundo foi desconsruída novamente, e desta vez de uma forma brutal, e eu queria compartilhar isso. Eu realmente já não sei mais quem sou eu. Então vamo tocar o bonde por que se não a freguesia vai para outro lugar né não?

MINHA CABEÇA TA ASSIM, ELLEN PAGE, SUA LINDA!

Neste fim de semana houve uma conferência aqui (porra, você deve tá pensando agora: o cara vai para a Rússia para ir em conferência. Cheio de mulher bonita, de vodka, de neve. Esse cara é lélé da cabeça. Mas calma, eu vou explicar). Foi uma conferência da AIESEC (organização pelo qual estou intercambiando) , onde as eleições do comitê local foram realizadas.

Além da parte burocrática, lógico, teve muita festa. E foi aí que a cabeça do manolo aqui pirou. Imagina você, no interior da Rússia, único brasileiro num campo de visão de uns 300 km em torno, cheio de malemolência e malandragem, no meio de outras 10, 12, 15 nações. Cara, foi uma doidera. Alemanha, Indonésia, Japão, China, Koréia, Índia, Taiwan... enfim, gente de todo lugar do mundo.


Uma festa mundial. Cada um levou um pouco do seu país para mostrar. Lógico, levei cana. A cachaça fez O SUCESSO, e barraca do Brasil ficou mega movimentada. levei jogo de botão, samba, colares para as girls, enfim, mutchas cositas. Geral tomando caipirinha e o bonecão aqui só de bartender. Mas foi incrível ver o quão grande o mundo é.

Ver com os próprios olhos, ao invés de escutar. Sentir, ao invés de ver. E a sensação única de ser único. De ser diferente. Realmente é como se o maguila tivesse me dado uma porrada nos bons tempos. Senti que cresci muito, o inglês melhorou bastante (um indiano gente finíssima e fanfarrão ingual nóis até elogiou chefia, é vai vendo!) Bom, descobri muitas coisas e a principal foi: eu amo o Brasil. Sim, você deve estar pensando: como assim esse maluco num sabia disso?

É, admito que eu desvalorizava nossa terra. Mas hoje passei a pensar diferente, estou aqui para aprender mesmo. Vi o quanto as outras pessoas valorizam o país deles. E isso mudou minha cabeça. Levei um soco na cara ao ver as japonesas usando trajes típicos, ao comer soja vinda da Indonésia, ao tomar o hot drink russo.


E preconceitos foram colocados de lado. Os japoneses são mais do que tecnologia e não são todos iguais, indianos podem comer carne e são fanfarrões igual os brasileiros e adoram mal feito, alemães são divertidos, as chinesas são bonitas, os russos amigáveis, e o mundo não é do tamanho que os olhos vêem, mas sim, do quanto você pode sentir.

A dica de hoje é simples bruxões e bruxinhas: acreditem nos seu sonhos. Sem isso, não há por que viver.

abraço a todos a vamos seguir aqui no gelão! Brasil, pai dos manolo, tamo junto broder!

Próximas confusões: prometo postar o lance das minas e dos caras aqui da Rússia, se eles são bonitão mesmo esta semana. Falo ainda sobre totobola, taxi, e into the wild!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Veri Gud, lefti saide - Inglês para papai Joel ver

Tá certo que meu inglês não é tão cool, e que ainda mando mal em muita coisa que não deixa tudo tão na nice. Mas o importante é se comunicar. É ou não é? Tem coisa mais chata do que ir numa festa e não conversar com niguém por que você tem vergoinha de falar errado. As vezes isso pode contar ponto a seu favor, dica de brother.

Mas ficar sem falar out! Comigo não jacaré. Quando cheguei aqui, vi que as pessoas também não falavam também. Primeiro pela sonoridade. Eles têm muita dificuldade em alguns sons. Como nós também temos, até por que se você olhar bem, som por som, o russo é mais parecido com o português do que com o inglês.


Enfim no primeiro dia de trabalho, e aqui em casa, eu confesso: não foi fácil. Foi um tal de what? repeat? hein? portuguese? Enfim, tudo quanto é jeito não tava rolando. Mas a coisa foi fluindo meu brother e seu ouvido vai se acostumando aos poucos à forma como eles falam, e eles a sua. Já viu aqueles gatão peludo passando em portão? É assim my dear friend, o som vai se encaixando ao seu ouvido. Hoje a comunicação tem sido bastante tranquila até.

Porém, no trabalho as coisas demandam uma comunicação melhor. Você não vai falar com o seu chefe que nóis vai pegou o tarefo e fez e entregou pra pra pra ... esqueci a palavra. Não dá para falar errado!

Então a coisa boa aconteceu. Conheci duas pessoas que mandam bem no inglês. A Tania que é minha supervisora e o Nikolai. Ambos russos. A comunicação com eles é bem tranquila. A Tania tem uma desenvoltura boa. O Nikolai é professor de aulas de inglês na Universidade, e as vezes já serviu como meu tradutor. A frase que ele mais disse até agora por mim foi: me dá uma cerveja preta.

EU NUM INTINDI NADA QUE ELE FALOU!

O legal disso é que eles também já tão apredendendo a falar português. Logicamente do jeito deles, mas já tão pegando. No trabalho agora só se ouve "oi" pela manhã e "tchau tchau" na parte da tarde. Logicamente tive que ensinar a eles boas maneiras de se tratar uma pessoa querida, uma autoridade ou até mesmo um amigo, por exemplo. Então sempre quando encontro com o Nikolai, ou com o Yurii que é outro rapaz que trabalha lá, nos cumprimentamos da seguinte forma:

-e aí bruxão? (Bianco)
-fala manolo! (Nikolai ou Yurii)

GUD, GUD!
Mas claro, existem pessoas que falam muito, mas muito bem. A Julia que trabalha na Aiesec por exempplo. O inglês dela é tão bom que me parece que ela é nativa da Inglaterra, tendo até um sotaque de lá carregado. Todos na Aiesec mandam bastante bem.

Bom, sinto a obrigação de ensinar um pouco de manolagem e coisas não ortodoxas para eles. Afinal, tem coisa mais divertida do que aprender besteira? Faz parte, né não play? Então, para encerrar os trabalhos de hoje, vai um pequeno dicionário de inglês russo para você bruxão que pretende voar por estes lados:

cud - could
becoze - because
a litel - a little
soume - some
sink - think
nosink - nothing
gud - good

Este post não é uma crítica. Eu também sou do time do papai Joel! Tamo junto aprendendo com o mestre!

Próximo Capítulo e Update: como 8 entre 10 perguntam pra mim se as mulheres daqui são bonitas, vou preparar um post sobre isso com maior urgência pois ta foda. Testosterona da galera da sagaz. Então, mantenham-na sob controle. Mas não vou deixar as meninas na mão. Vou falar em geral também sobre a moçada aqui, os homens e vocês opinam se eles são bonitos ou não, por que disso e de horóscopo eu não frago nada. Mas antes vou falar sobre as sopas, sobre o povo russo, e sobre o teste de manolagem.

Abraço de urso polar

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Covardia - Atentado no Domededovo/Repercussão


Eu estava lá, junto com a minha namorada a exatos sete dias. É isso mesmo malandragem, poderia ter sido eu. Até por que, o horário em que o atentado aconteceu, foi próximo a minha teórica chegada na Rússia. Pelo que li, o fato ocorreu as 16 horas, enquanto no dia em que cheguei, meu vôo tocaria o solo do país as 18h.

Ali, onde aconteceu a explosão, não há para onde fugir. Foi no salão onde minhas malas ficaram perdidas, e que contei em outro episódio. Apesar de ser um aeroporto grande, a área de malas é pequena. Imagino o que deve ter sido a cena de tantos corpos por lá. Lamento muito pelo que aonteceu.


Aqui, o pessoal não sabe exatamente explicar o porque. Mas todos os jornais dizem que trata-se de uma região que quer ser independente da Rússia, chamada Cáucaso. Procurei informações e todos aqui me falaram que é uma região do país que é bastante pobre, e que tem sérios problemas.

As pessoas aqui não estão propriamente assustadas. Elas estão preocupadas no que isso pode afetar a imagem do país lá fora, já que a Rússia está em franco estado de crescimento. E também por que isso é uma situação que se repete. Conversei com a minha hoster e ela disse que uma região chamada Tartaquistan já é semi independente apesar de ainda estar confederada a Rússia.


Logo após ela conseguir a "independência", a antiga Chechênia, hoje área conhecida como Cáucaso, também reivindicou a mesma condição, já que possui forte influência do Islã e claras diferenças sociais, culturais e étnicas. Boris Yeltsin aceitou o primeiro. Mas o segundo não e ali explodiu o conflito.

Hoje Putin (primeiro ministro) e Medvedev (Presidente) levam com mão forte esta questão, e Putin chegou a "limpar" área na tentativa de acabar com o conflito. A situação piorou, chegando ao que aconteceu esta semana. Aqui, as autoridades ainda não dizem com certeza, mas tudo leva a crer que há ligação com o conflito.

Lamento muito, pois é um povo que não merecia isso. Eles são humildes, e nesta primeira semana já deu para perceber que vou sair daqui deixando muitos amigos. E espero que o país não sofra mais. Eles merecem um grande futuro.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A véia e o vagabundo - Nova temporada de LOST

Imagina a situação. Os caras tem um alfabeto que é todo diferente. O B aqui na Rússia é igual ao C mas o som é de "V". Deu para entender? Não né campeão. Eu também não endenti no início, mas é assim mesmo. Não adianta tentar falar português, eles não entendem bolinhas do que você tá falando. Então a primeira dica é: mantenha em sua carteira, anotado em um papelzinho, o seu endereço e se possível um mapa. Um mapa é necessário e eu já explico o porque.


Aqui,as coisas são muito parecidas. Quando eu digo coisas, estou falando das ruas e dos prédios. Não há muitas referências de lugar pois tudo é fechado. E até as existentes, por exemplo são difíceis de guardar, pois tudo aqui é colocado em russo. Pois bem, o primeiro de dia de trabalho não foi nada fácil. Um mapa é necessário pois até você explicar tudo já elvis, endenteu? Você pode precisar de um taxi por exemplo, o que aqui é muito comum.

A Julia, umas das russas que trabalham na Aiesec me levou e me apresentou ao povo do serviço. Eles são ótimos, os russos são muito parecidos com os brasileiros. Mas isso é assunto para um post inteiro. Ela me levou, mas claro manolo, eu tava acostumado com rua halfeld/bastista/getúlio vargas e quando muito são pedrão. Foda. aqui é tudo igual. Mais ou menos, mais é tudo igual Até eles se confundem. Mas com o tempo você vai percebendo a diferença.

Para chegar no trampo foi fácil. Isso por que a Julia me encontrou no centro e deixou o bonecão lá, de frente para o computador. Tenso foi na hora de voltar. Quem disse que acha? Eu sabia o ônibus que eu tinha que pegar, e o nome do lugar. Aqui, eles falam no sistema de som interno o nome de onde você está dentro do ônibus, pois as janelas ficam congeladas. É impossível ver qualquer coisa do lado de fora do baú. Quando falou alguma coisa Smirnova pensei: é nóis que voa bruxão, partiu.


Desci, e olhei. Cadê meu prédio? Não tinha a menor noção da onde eu tava. Começei a andar, e andar sem saber exatamente para onde ir. Bom, pensei: é melhor perguntar, no ruim, eles não vão entender. E foi isso que aconteceu. Mostrei o endereço no papel, e ninguém sabia. Eu só falava: I`m from Brasil! Genial isso não?

Enfim, até que cheguei perto de uma velhinha, mostrei e falei minha frase de sucesso: I`m from Brasil. Ela disse alguma coisa Brazilli que aqui é Brasil em russo e eu pensei: óia, ela sacou a minha.


Só que a velha me levou pra dentro da casa dela. Tenso. Fui parar na casa de uma pessoa que eu nem sabia o que falava comigo. Pensei puta que pariu, o que que eu to fazendo. Vai que essa véia é tarada e costa de um blackpower. Essa véia vai me pegar, óia, óia. Mas que nada! Sorte minha que ela não devia gostar de cabelo bombril. Ela só me achou com cara de bocó mesmo, e me ajudou.

Me levou na porta do meu apartamento. Tocou o interfone e quando eu ouvi hello, falei: véia danada. Lógico, ela num entendeu nada.

Tá perdido, então a dica é a seguinte: fala que é brasileiro. Todo mundo vai te ajudar manolo.

Próximo Capítulo e Update: amanhã vou pular etapas e falar sobre o atentado. O país ainda não assimilou bem. Aqui todo mundo não sabe como isso aconteceu pois hoje a Rússia é um país isento de guerras e conflitos.

Falo ainda sobre o dia de trabalho aqui, o inglês dos russos, a imagem deles para gente e sobre manolagem na Rússia.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Entrando no fundo - Da Rússia

Beleza, chegamos em Moscow. Deu até para fazer bastante coisa. Na noite da chegada estivemos em um restaurante da Georgia. Sim, é isso mesmo. Um lugar bacanudo. Ali eu começei a perceber o que este tempo aqui na Rússia estava me reservando. O pessoal aqui come bem, e come demais e come bem e come demais duas vezes.

Quando o pedido chegou, veio uma combuca até honesta com uma sopa muito boa, mesclando carnes e vegetais. Aqui o lance é sopa. Se sua mamãe não te ensinou a comer sopa, vai pros EUA comer Mcdonalds. Eles não comem este tipo de comida. Evitam mesmo. E eu gostei disso, eles é que tão certos!

Limpei o prato, e até pensei: podia rolar outra parada né? E rolou. A garçonete não parava de trazer coisas depois disso. Era pão que parecia pizza de queijo, espetinho que parecia churrasquinho, pedaço de pão pra lá e para cá, suco, mais pratos, sobremesa. Enfim, aquilo me deixou ferrado! Era comida demais.


No outro dia, hora de partir. O Jan, que nos recebeu em Moscow nos levou ao aeroporto. Minha namorada pegou o vôo dela e eu fui para o outro lado. Tenso. No aeroporto são poucos que falam inglês. Como que eu ia explicar que eu queria uma passagem para uma cidade no interior da Rússia que nem o nome se pronuncia do jeito que se escreve! (na verdade fala se Irjeiviskey) Jesus tem poder!

Enfim, fui ao balcão de informações e uma menina falava um inglês razoável (meu inglês é por aí também, mas ta indo manolo). Ela explicou onde era o guichê, fui até lá comprei a passagem, e consegui embarcar! Foi tranquilo. O tenso foi depois. Entrei no avião e aquilo tava parecendo gambiarra. Mas pensei também. Porra, se era para ficar com medo, que ficasse em casa. Se cair, caiu, fazer o quê?

Mas sorte que os garotos que estavam ao meu lado me pegaram na conversa. O Oleg e a Stacy, ambos russos. Viemos conversando durante uma hora e meia. Esqueci do avião e chegamos a Izhevsk.

Quando eu vi Moscow deu vontade de ficar por lá. Cidade grande, melhor e tal. Mas minha opinião mudou. Aqui, no interior as pessoas são ótimas. E a cidade é muito grande. São quase 800000 habitantes. Dá para perder de vista no horizonte.


Além disso aqui as pessoas são muito receptivas. A cidade tem um charme especial por conta disso. Todos aqui fazem planos, querem crescer. E isso faz bem para qualquer um. A estrutura é ótima. Aqui tem um shopping bem grande, cinemas, praças, catedrais típicas. Definitivamente não tem cara de cidade do interior. Além disso dizem que a noitada aqui é maneiríssima, e como meu chapéu branco está por aqui, vamos fazer um test drive de manolagem made in Brazil em breve com ele.

Não importa a definição. Se você está feliz, você está no lugar certo. Se é capital ou não, isso pouco importa.

Próxima confusão: perdido em Izhevsk

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Quem nunca comeu melado se lambuza - Modo Rambo

Primeira vez fora do país é assim mesmo. Tudo é novidade. A primeira coisa pra mim foi o frio. Nunca tinha visto nada igual ao frio que faz em Moscow. É realmente algo que só dá para explicar estando aqui. E eu com a doce ilusão que passou de zero não muda nada.

Por isso se você vier, traga agasalhos realmente bons. Não fique colocando na mala coisas que você acha que você vai usar. O frio que faz aqui é perigoso, mas não desanime. O maior encanto que tenho por essas pessoas é que o frio não impede ninguem de fazer nada. Saí todos os dias, e o dia mais em que cheguei mais cedo que eu tava em casa foi meia noite aqui. Um bom casaco aqui é barato, por isso reserve espaço na mala para levar de volta o que você comprar aqui.

Outra coisa é a neve. Já levei inúmeros tombos, mas isso aqui não é vergonha e é assunto para um post inteiro. Tudo fica congelado. O chão, os vidros, as maçanetas. Por isso é legal trazer uma boa bota, que seja resistente a neve, impermeável e que se possível, acompanha meias térmicas.



O desembarque gelado foi ao mesmo tempo tenso, mas de muita animação. O por quê disso? Neve. O primeiro sinal que a hora de entrar na natureza selvagem havia chegado! Quando vi tudo branco, realmente pareceu um sonho. Não tinha idéia de tudo que eu ainda ia viver. E olha que está só no início bruxão. Tudo completamente diferente. Tudo. Aqui na Rússia, não tem nada, quase nada igual ao Brasil. Mas não é melhor nem pior ao meu ver. Só é diferente. É um país lindo. E é especial, por que as pessoas são especiais. Eles gostam do Brasil, mas isso também será assunto aqui nessa budega.

Na manhã de domingo, rodamos pelo centro da cidade. É simplesmente lindo. Vale a pena passar um pouco de frio para poder ver tudo isso. Mas se você animar mesmo, não vai saindo de casa no modo Rambo, querendo mostrar para a sua girl que você é fodão e aquenta qualqyer frio. Com pouco mais de 30 minutos andando meu queixo já tava congelando. E isso por que eu tava igual uma cebola. É isso mesmo, parece que você leva uma anestesia e vai tudo ficando duro.


Outra coisa é que eu esqueci de colocar a parte de baixo da segunda pele. É uma roupa térmica especial, colada ao corpo, igual um macacão de natação. Compre. É fundamental. O resultado é que cheguei em casa com a parte de baixo do corpo toda dura também. E isso aqui não é uma brincadeira de duplo sentido, beleza? Tava tudo duro mesmo.

O frio? Que nada, tem tanta coisa para fazer que você esquece. É só falar que é do Brasil. Todo mundo vai querer ser seu amigo. Dica de brother!

Próximo Capítulo: Rumo ao interior. Ou não.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Mineiros on the beach - Cadê minhas cueca?

Imagina. Você nunca saiu do país, e quando você vai sair, você cai lá na Rússia. Tá, até aí tudo bem. Tem lanchinho no avião, você troca idéia com gente diferente, começa a entrar no clima. Mas imagina. Você chega no aeroporto, felizão da vida por que vai para a sua grande empreitada, vai conhecer o mundo e começar a rodar por aí e aí você pensa: tem que acontecer alguma merda. E as coisas vão acontecendo, tudo surpreendentemente bem e não é que no fim, quando vc acha que chegou a hora de dar merda.... dá merda mesmo.


Conheci o Mateus, brasileiro de Belo Horizonte no aeroporto de Portugal. Ele tava indo para Moscow. Batemos papo e tudo, colocando as mineirisses e as manguinhas de fora. Pegamos a conexão para a Rússia, rumo a capital gelada. Quando chegamos a primeira coisa foi a fila do passaporte. Já falei em um post anterior, é melhor tirar visto e ter paciência na fila pois é uma fila russa e só russo entende. Se você não tem visto, pode ser que você se enrole.

Passamos pela imigração e quando chegamos no salão de malas, então cadê as malas? Justamente as malas dos mineiros estavam perdidas. Elas haviam desaparecido. Pensei: puta que pariu. Correria para um lado e para outro, e começamos a descobrir uma coisa importante: aqui, nem na capital, as pessoas falam inglês. Se você vier, é aconselhável pegar umas aulas básicas. Foi difícil explicar. Rodamos de um lado para outro, pensando em como encarar menos 10 graus sem agasalho e só com bagagem de mão.

Naquela confusão toda não tínhamos visto as outras esteiras. Quando vi, falei com ele:

-Mateus, tem mais esteira ali, vamo lá olhar!


Corremos e nada de bagagem, em nenhuma esteira. Olhamos em volta e vimos um posto policial. (Só com mulheres policiais) Caminhamos até lá e perguntamos, mas inglês que é bom neca. Apenas um delas entendia algo. Mas elas compreenderam de qualquer forma o que se passava. Porém, eu não tinha ticket de bagagem. Não se esqueça. Se você está viajando, não dê esse mole. Pegue o seu com a compania na hora do checkin. Pensei de novo: puta que pariu.

Uma das policiais interfonou e localizou a mala do Mateus em outro setor. Em menos de cinco minutos ela chegou na parte principal do aeroporto. Detaulhe: estava aberta. Compre cadiados e coloque na sua mala para que isso não aconteça ou encape ela em plástico. Este serviços está disponível nos aeroportos. Mas a minha mala que é bom, nada. A policial continou falando, e entrou no "achados e perdidos" do aeroporto.

Não tive dúvidas, fui atrás. Quando ela chegou lá e me viu lá dentro, ameaçou gritar, mas eu já havia visto o que eu queria. Minha mala, vermelhona, com fita azul colorida. Gritei apontando:

-It`s mine!!



Não tive dúvidas. Saquei o seguro de viagens e mostrei. Tudo resolvido.
Peguei a tinhosa, e dei de cara com a minha namorada que já estava me esperando a mais de uma hora. Ela já vinha junto com um policial atrás de mim.

Enfim, já era hora de dar um beijasso nela e entrar na natureza selvagem!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A primeira dica é levar documentos extras. Até agora não tive problemas, mas é possível que até o fim alguma coisa ainda possa acontecer. Leve além do passaporte, um seguro de viagens. A imigração não pede, e a embaixada também não solicita. Mas é bom ter um em mãos pois você está na Europa. E se é brasileiro então, já viu né.

Sobre o visto, o processo é bem simples. Na verdade, a parte burocrática provavelmente não ficará com você.


É necessário ter uma carta do governo russo, um documento oficial do país, para poder entrar com longa duração, principalmente se for trabalho. As pessoas aqui são receosas, pois o pessoal pega pesado. Esta carta pode demorar a chegar. No meu caso ela chegou em cima da hora.

Mas a sorte e que a Rússia não é burocrática quando o assunto é visto e se você já tem a carta em mãos. Há vários tipos de prazo para a chegada da carta. Você escolhe e paga. Quando recebi a carta, faltavam dois dias para poder embarcar. Tive que remarcar minha data, mas ainda sim para um dia apenas, pois em menos de vinte minutos o visto já estava no passaporte. Sim, é rápido. Porém, neste processo, você paga mais.

A taxa é cobrada em dólares, e é o equivalente a R$ 270,00. Se tiver urgência para viajar, é melhor acertar este valor e garantir.

Sobre a viagem, minha conexão foi em Portugal. Até ali é fácil se comunicar. Inglês intermediário, e o português mesmo já resolvem tudo. Você desce do avião e um caminhão já está à sua espera. dependendo da época, se for no inverno europeu é aconselhável levar agasalhos na bagagem de mão. O tempo muda radicalmente. Quando descemos na terrinha, o termômetro marcava cerca de 5 graus positivos. Mas já é bastante frio.



É só ficar atento aos monitores de embarque e partidas. Seguindo ali não tem erro. Quando entrar no aeroporto se informe. Não foi necessário passar pela imigração. Mas isso pode depender. Siga as setas e chegue até o seu local de embarque. Aguarde lá calmamente, como um lord.

Depois Lisboa/Moscow. Esta viagem, apesar de menor é mais cansativa. depois de 10 horas atravessando o atlântico, as 5 horas de vôo parecem uma eternidade. Isso por que sua bunda já virou um retângulo. Já tem até quina. Importantíssimo: todo tipo de agasalho em mãos. Quando o avião pousar, você vai atravessar por uma passagem de cerca de uns 10 metros.

O frio é congelante. Seu corpo estava quente, e logo em seguida está completamente frio. Choque térmico. Leve o que você puder, e não fique com vergonha de sair do avião parecendo uma cebola. A gente não está acostumado com -15 graus.

Você deverá descer no Domededovo. É um grande aeroporto. Fique atento, pois você vai passar pela imigração e é literalmente uma confusão. Conheci um brasileiro durante este translado e enfrentamos uma fila russa. Você não sabe onde termina ou onde começa. E eles te olham feio se tentar jeitinho brasileiro.

Encaramos quarenta minutos em pé. Quando a atendente falou conosco, nada de inglês. E tínhamos que entregar o immigration card. Estrangeiros que vão ficar algum tempo aqui obrigatoriamente precisam preencher. O governo monitora o que você está fazendo aqui. Para explicar isso para ela foi um custo.

Próximo Capítulo: bagagens

Resetando-Post Inicial

Imagina levar um soco na cara, que te tira todo tipo de preconceito e que te deixa do avesso. Imagina tomar um banho com um produto que tira tudo que você tem do seu corpo, "limpando" coisas boas e coisas ruins, corpo e alma. Estes primeiros dois dias de Rússia estão sendo assim. Foram três ano de trabalho, e muita correria para poder estar aqui. Destes três anos de trabalho, o segundo foi sem dúvidas o pior. Ter o visto negado depois de juntar todo o dinheiro necessário e fazer das tripas coração para poder viajar não é fácil.


Perder dinheiro, perder tempo e ver seu sonho acabar em um carimbo que marca seu passaporte para sempre não é fácil. O jeito? É levantar, sacudir a poeira, e partir para dentro de novo. Não adianta cruzar os braços e ficar esperando para ver se seu sonho passar na sua porta. Se você não botar no peito, a coisa não anda. E 2010, que julgo ter sido um ano importante, porém extremamente desgastante do ponto de vista mental e físico, a coisa caminhou assim, na marra.

Um ano para pagar as contas, e tentar de novo. E foi assim. No fim do ano, finalmente as boas notícias apareceram. A viagem para a Rússia. Quando recebi a ligação da Talitha, manager da vaga, (agradecimento especial para ela, espetacular em todas as etapas do projeto) eu não sabia nem o que falar. Foi realmente incrível. Na hora passou um turbilhão de coisas na cabeça.

A lembrança de que tudo isso começou na rua entregando papel. Enfim, naquela que encaro como a maior empreitada da minha vida. Todos perguntam por que escolher um país como a Rússia. Não há por que neste tipo de escolha. Há razões que te leva a crer que você está seguindo o caminho certo.


Mas a Rússia é um país que sempre me chamou atenção. Mesmo que não tenha dado certo, e a filosofia tenha sofrido todo tipo de distorção, é um país que um dia sonhou em igualar as oportunidades. Além disso, é um lugar distante, frio, com uma cultura completamente diferente do Brasil. Aqui, ninguém me conhece e se absolutamente eu tentar falar em português, eu não vou conseguir.

E por fim, a sensação de estar perdido em qualquer lugar do mundo. De não saber em que direção ir, de não saber como funciona, de errar, de aprender, de experimentar. É isso que eu quero. Um reset total.

Agora é hora de pegar minha única compania do Brasil aqui. Grande Sertão Veredas. O mundo é um Sertão a ser descoberto!